quinta-feira, 18 de março de 2010

O PSEUDÔNIMO DA DÍVIDA

O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), do Ministério do Planejamento, com sua autoridade, desmascara toda essa conversa fiada do governo de que acabou com a dívida externa, agora reduzida a 190 milhões de dolares e está até "emprestando dinheiro ao FMI". É uma lulada.

O que o governo fez foi uma enganação. Trocou o nome por um pseudônimo. O que era dívida externa agora é dívida interna, só para os banqueiros e especuladores ganharem mais. A dívida externa tinha taxas de juros muito menores, juros internacionais, e prazos maiores. A dívida interna é pela SELIC, a agiotagem fixada pelo Banco Central. Os juros externos não passam de 3%.Os internos, o BC não deixa por menos de 8%.

Dívida

No "Comunicado nº 14" do IPEA estão os números todos:

1 - Segundo o próprio Tesouro Nacional, a dívida interna (só a dívida pública federal), já passou de 1 trilhão e 600 bilhões de reais. Isso significa que saltou de 38,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2008 para 43% em 2009. E continua subindo. A quanto chegará no fim de 2010?

Os gastos do Brasil com juros, saúde, educação e investimentos, de 2000 a 2007 (2 anos de Fernando Henrique e 5 de Lula) são esquizofrênicos. Só de juros, o Brasil gastou 1 trilhão e 267 bilhões. E com a Saúde, 310 bilhões. Educação, 149 bilhões. Investimentos, 93 bilhões.

Diz o IPEA: - "Ademais de poder ser considerado um gasto improdutivo, pois não gera emprego e tampouco contribui para ampliar o rendimento dos trabalhadores, (esse brutal pagamento de juros) termina fundamentalmente favorecendo a apropriação da renda nacional pelos detentores de renda de títulos financeiros".

Banco Central

2 - Mas a dívida interna não se expressa unicamente através da dívida pública federal. A divida do setor publico inclui as tres esferas de poder (federal, estadual e municipal) e já ultrapassa 2 trilhões de reais.

E não é só. Paralelamente, em verdadeiro túnel subterrâneo, o Banco Central vem operando o que chama de "estoque de operações compromissadas", com prazo maximo de 45 dias a 6 meses, "nãocontabilizadas" pelo Tesouro Nacional, como a Caixa Preta do PT.

É uma divida publica paralela destinada a oferecer títulos ao mercado para enxugar a liquidez. Os principais clientes são os Fundos de Investimento (70%), os bancos (20%) e grandes empresas (10%). Em outubro de 2009, essas operações chegaram a 500 bilhões de reais.

Tudo isso atinge a fantástica soma de 2 trilhões e 500 bilhões de reais.

Reservas

3 - E a orgia não para no Banco Central, que emite títulos nacionais para comprar dólares. Por isso as reservas internacionais do pais estão em 231,5 bilhões de dólares, a quase totalidade em títulos do Tesouro dos Estados Unidos, cujos rendimentos estão em queda continua. E pelos títulos nacionais o Banco Central paga quase 10% de juros.

O vice-presidente do Banco Mundial, Otaviano Canuto, diz que o Brasil gasta 800 milhões de dólares por mês para manutenção dessas reservas, algo próximo de 10 bilhões de dólares por ano. Nos ultimos anos, o dólar perdeu 41% de seu valor. Atrás dele foram nossas reservas.

Déficit

4 - E mais números ruins. Em 2009, no total de exportações e importações, o Brasil teve na balança comercial um superávit de 25,3 bilhões de dólares. No mesmo período, a "remessa de lucros e dividendos" das empresas estrangeiras foi de 25,2 bilhões de dólares. Anulou o superávit

Para 2010, o Banco Central calcula o saldo da balança comercial em 15 bilhões de dólares e as remessas de lucros e dividendos em 30,2 bilhões de dólares. Em 2009, o déficit do Brasil em transações correntes foi de 24,3 bilhões de dólares. O Banco Central projeta para 2010 um déficit de 40 bilhões de dólares. Podendo o déficit chegar a 55 bilhões em 2011.

Desequilíbrio

5 - Paulo Nogueira Batista Jr, diretor executivo do FMI, prevê um "desequilíbrio externo em conta corrente" de 60 bilhões de dólares em 2010. O Itaú-Unibanco espera os mesmos 60 bilhões de dólares de "desequilíbrio externo em conta corrente" em 2010. E 83 bilhões em 2011.

Reinaldo Gonçalves, professor da UFRJ, está pessimista:

- "A economiaestá muito vulnerável. O país continua patinando".

E Antonio Corrêa de Lacerda, da PUC de São Paulo:

- "A situação é ruim, pela rapidez da deterioração".
 

sebastião nery
sebastiaonery@ig.com.br


 
 

 
Rio - No botequim de uma cidadezinha do interior do Rio Grande do Sul, depois do golpe de 1964, um grupo conversava sobre política:

- Vocês ficavam dizendo que os militares fizeram uma injustiça com o Brizola, perseguindo-o e expulsando-o do pais porque era comunista.

- Comunista? Brizola nunca foi comunista, era um nacionalista.

- Era um comunista disfarçado. Tanto que foi para Moscou e está lá.

- Nada disso. Brizola foi para o Uruguai. Já está asilado lá.

- No Uruguai coisa nenhum. Está em Moscou. Leiam aqui no jornal de hoje: - "Leonid Brejnev, em Moscou, disse ontem"...

- E o que é que tem o Leonid Brejnev, secretário-geral do Partido Comunista e chefe do governo da União Soviética, com Leonel Brizola?

- Então não percebem o pseudônimo? Leonid Brejnev, Leonel Brizola.

 

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